Ajuda que veio em boa hora

Promovido pelo SER+, Programa Emergencial de Enfrentamento à Pandemia garantiu o sustento e a proteção de 1.282 recicladores das regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Salvador e Maceió

Novembro de 2020

“Se não fossem essas cestas básicas e materiais de proteção, o que seria de nós?”, questiona Rosemeire Gomes de Oliveira, 54 anos, recicladora da Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (CAMAPET), de Salvador (BA). Desde março de 2020, quando as medidas de isolamento social foram adotadas para conter a disseminação da Covid-19, as cooperativas de reciclagem de todo o País – e, por consequência, os seus recicladores – passaram a enfrentar sérias dificuldades. Com a diminuição dos pontos de coleta de material e a consequente redução do volume de itens para serem separados, beneficiados e comercializados, a renda dos trabalhadores também caiu e, em alguns casos, deixou de existir nos meses mais críticos da pandemia.

Foi o que aconteceu com Meire, como é conhecida na CAMAPET e em Massaranduba, bairro onde mora com três filhos e um neto na capital baiana. “A gente continuou trabalhando, mas não recebia nada. Só começamos a receber de novo de setembro para cá”, explica, ressaltando a dificuldade de sustentar a família: “Lá em casa, estão todos desempregados. É tudo comigo, com esse dinheirinho que ajuda muito”.

As cestas básicas e materiais de proteção a que Meire se refere foram entregues pelo Programa SER+, uma iniciativa dedicada ao fomento socioeconômico de empreendimentos populares que operam coleta seletiva, triagem e comercialização de resíduos sólidos urbanos. Operacionalizado pela Mãos Verdes e patrocinado pela Braskem, o SER+ integra 40 cooperativas das regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Salvador e Maceió. Frente às dificuldades impostas pela Covid-19, o SER+ criou o Programa Emergencial de Enfrentamento à Pandemia que, ao longo de quatro meses, distribuiu 5.100 cestas básicas aos trabalhadores das cooperativas. A ação emergencial mobilizou R$ 756 mil e contou com a parceria da Associação Petroquímica e Química Latino-Americana (APLA), que fez a doação de US$ 10 mil para a compra de máscaras de proteção individual para as cooperativas do SER+. Os valores doados pela APLA possibilitaram a compra de 4.040 máscaras de algodão e 1.242 protetores faciais. 

Bahia

Meire está entre os 1.282 trabalhadores beneficiados com a doação dos mantimentos e dos equipamentos de proteção. “Foi muito bom, ajudou demais!”, afirma. Agradecida, a recicladora não perde a esperança de dias melhores: “A renda está voltando aos poucos. Tenho muita fé em Deus de que tudo vai melhorar’, afirma.

São Paulo

Recicladora da Cooperativa Chico Mendes, de Diadema (SP), Luciana Maria da Silva Ferreira, 46 anos, também comemorou a ajuda do Programa SER+ no período mais difícil da pandemia. “Com a paralisação de tudo, começamos a ter mais gastos com alimentação e outras despesas. As cestas básicas foram um norte para a gente, um alívio. Foi com elas que a gente conseguiu ir se segurando”, conta Luciana, responsável pela única renda da casa em que vive com os filhos de 19, 17 e 14 anos. Moradora do bairro Jardim União, na zona sul de Diadema, ela conta que enfrentou momentos de extrema dificuldade em meio à redução da jornada de trabalho na cooperativa. “Ficamos sem renda e bem dependentes do auxílio que veio das empresas e do governo. Agora, em setembro, é que começamos a ter algo entrando, cerca de R$ 180 por mês. Tivemos que nos mudar para um outro local, porque a gente não estava conseguindo pagar o aluguel”, lamentou.

Rio Grande do Sul

Para Grace Aparecida Lemos, 37 anos, que atua na área administrativa da Coopertuca, em Porto Alegre (RS), as cestas básicas e as máscaras doadas pelo Programa Emergencial de Enfrentamento à Pandemia ajudaram a minimizar as perdas de renda da unidade. “Tivemos uma redução de carga horária na semana, o que acabou diminuindo o salário dos cooperados. Então, as cestas básicas foram um complemento de renda, já que tivemos também um aumento na alimentação em casa”, explicou. “O recebimento de máscaras, além de elevar a nossa proteção, fez com que não tivéssemos gastos com este tipo de material. Algo muito bom diante do que estamos enfrentando”, afirmou Grace, que reside no Campo da Tuca, no bairro Partenon, com o marido Leandro, de 37 anos, que também trabalha na cooperativa, e os filhos de 18 e 11 anos.

Alagoas

A presidente da Cooprel, de Maceió (AL), Maria Patricia Ramos de Lima, 41 anos, afirma que os cooperativados, assim como ela, passaram por grandes dificuldades no momento mais complicado da pandemia na cidade, entre abril e junho, quando ficaram sem renda e sem a perspectiva de retorno da unidade de triagem, que ficou fechada no período. “A gente não tinha volume de material para poder trabalhar. As cestas básicas foram um alento, porque, quando chegaram, já estava faltando tudo para nós, os armários estavam vazios”, recorda.

Patrícia lembra que o recebimento dos EPIs também foi de extrema ajuda, já que o orçamento da casa já estava bem curto apenas com a remuneração do marido para manter a família toda, que é formada pelos filhos de 22, 18 e quatro anos, além do neto de um ano. “As máscaras vieram na hora certa, porque a gente precisava, mas tinha que optar por comprar a proteção ou o alimento. Sem falar que as máscaras ficaram bem caras aqui no período mais complicado, foi uma ajuda e tanto”, enfatiza.

A família de Patrícia, que reside no bairro Paulo Bandeira, parte alta da capital alagoana, acredita que a situação começa a melhorar, mas lembra que a ajuda recebida é sempre bem-vinda. “Essas cestas básicas foram uma salvação, mesmo. Seria ótimo se a gente pudesse manter tudo isso, já que a renda ainda não voltou ao normal e temos uma variação entre um mês e outro”, pontua.